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terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Quando Inácio de Loyola Brandão passou por aqui, Bueno de Andrade era uma vilazinha... ainda é. Nosso contista não conseguiu conter o prazer que sentia em degustar aquela que é a rainha de todas as coxinhas. Isso, aquela tipicamente brasileira, dourada como os quadris de uma carioca exposta ao sol das dez em Ipanema. Aquela que reveste seu o recheio bem temperado de uma proteção crocante, resistente e provocante. Só os dentes são capazes de exprimir o som chocante que ela proporciona. Ninguém além do próprio degustador pode ter o delírio de ouvir a casquinha se quebrando vorazmente no interior da bocarra. Hoje, me despeço dos dias de semana em que me rendo às coxinhas. Sim, porque, segundo as boas línguas, nos finais de semana são duas mil vendidas em um só sábado. A pacata Bueno, solitária em sua estação de trem, se torna um ponto de euforia, filas e gula. Mas, nos dias de semana, como hoje, não. Estou tão só quanto a vila. Sequer os cães pedintes apareceram, cabisbaixos e ressentidos, tentando nos convencer de seu merecimento. Só alguns veículos de passagem atrapalham esse silêncio.
Tem um grande Flamboaiã, que sombra e reluz verde sua copa que é casa de passarinhos. Daria até para dormir aqui embaixo, mas é terça. Busco imaginar como era a Bueno de Loyola Brandão. Uma titica de civilidade, um paraíso dourado escondido no interior de Araraquara.

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