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quarta-feira, 18 de junho de 2014

Contos de um cemitério...

Fazia tempo que ninguém passava por ali... terras ermas agora. Triste, toda terra abandonada deixa marcas e restos que nos remetem a lembranças que não sabemos se queremos mais. Antes havia tantos retratos, tantos rostos e sorrisos. Pessoas se encontravam para discutir e confraternizar. Era como se as distâncias não existissem...
Mas, eis que foi chegado o progresso e a modernidade. Novos planos e projetos, inexplorados territórios. As pessoas ainda parecem ser as mesmas, mas a migração se deu em fases e tantas comunidades se desfizeram. Talvez a culpa seja dos grupos de vanguarda que trilham caminhos inexplorados em busca de um futuro diferente. Como se as terras fosse tão diferentes assim.
E nessas terras ermas, está o que sobrou. A maior parte dos retratos foram levados, toda vida que parecia fluir por ali foi trocada por um silêncio mórbido. E os mortos. Quantos mortos surgiram. Quantos mortos ficaram... vagar por aqui é como visitar túmulos em um gigantesco cemitério. Entretanto, fica a dúvida: o que fazer quando alguém morre no mundo de sempre? Apagamos seu perfil no Orkut? Mantemo-lo como lembrança de alguém que gostava de se descrever daquela forma?
Há, sem dúvida, um duplo sentido na morbidez da vastidão Orkut. Tanto os que ainda se sentem vivos abandonaram a velha roupagem, assim como o espaço virtual que ocupavam, quanto os que já morreram e sequer tiveram tempo de migrar. Imagine só, a garota de paquera com um perfil do Orkut ou do Facebook, admirando as fotos e descrição, investigando o tudo que diz quase nada e o dono do perfil morreu na semana passada. Acho que se eu fosse espírito, continuaria intervindo no meu perfil, escrevendo, postando e cutucando aqueles que de nada suspeitam.

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